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“O Cemitério”, de Stephen King, é de fazer qualquer um ter pesadelos. Saiba mais!

Publicado em 06 jun, 2019

O Cemitério – Stephen King
ISBN-13: 9788581050393
Ano: 2019
Páginas: 424
Editora: Suma de Letras
Classificação: 

Louis Creed, jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. Uma casa boa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos. Num dos primeiros passeios para explorar a região, conhece um cemitério no bosque próximo à sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Para além dos pequenos túmulos, onde letras infantis registram seu primeiro contato com a morte, há, no entanto, um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras. Um universo dominado por forças estranhas capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível. A princípio, Louis se diverte com as histórias fantasmagóricas do velho vizinho Crandall. Só aos poucos começa a perceber que o poder de sua ciência tem limites.

Experiências literárias são moldadas a partir de bagagens. Primeiro existe a bagagem do autor, que reinterpreta acontecimentos pessoais em uma escala fantástica, e depois há a bagagem do leitor, que pode ser agraciado com gatilhos que farão de tal livro um momento único. Acredito que no meio disso tudo ainda existe espaço para se apaixonar, criar ranço ou passar incólume pelas páginas. Com O Cemitério, eu vivi um misto disso tudo, com exceção da parte que saí sem marcas. A verdade é que tive pesadelos durante toda a leitura e achei o desfecho de tudo “bom”.  Como é maluco o conceito de imaginação, né?

Esse foi o terceiro do Stephen King que li e, sim, ao mesmo tempo que eu amo como ele me faz sentir medo de um jeito diferente, às vezes sinto falta de artifícios mais comuns – que encontrei na mais recente adaptação do livro para o cinema, por exemplo. Se na escrita há diálogos e viagens às lembranças do passado, no audiovisual tudo acontece tão rápido que não consegui me importar com muita coisa.

O Cemitério é um livro sobre morte, mas a gente, leitor, passa muito tempo acompanhando apenas a rotina comum da família. Longe de ser algo chato, essa construção narrativa nos faz sentir empatia pelos personagens – que são poucos, mas bem aprofundados. Nos conectamos com todos. É como se fosse a nossa própria árvore genealógica, nossos parentes distantes. Eu tive sonhos ruins depois de algumas passagens específicas. O plot twist de Rachel, a esposa, é a segunda melhor coisa desse enredo. (A primeira é um gato).

Louis Creed se mudou para uma cidade pequena no Maine, longe da correria e barulho da grande metrópole. Sua esposa e dois filhos parecem animados para uma rotina pacata frente Rodovia 15. O que eles não sabem é que sua nova casa está dentro de uma propriedade amaldiçoada. Uma terra podre. Quando o gato da pequena Ellie morre atropelado, Louis descobre que é possível ressuscitá-lo o enterrando em um cemitério específico para bichos – uma tradição da região que atravessa anos e gerações. Ellie, sue adorada filha, não suportaria a vida sem o melhor amigo felino. Que pai pensaria duas vezes em visitar um cemitério na calada da noite para realizar uma espécie de ritual? Eu pensaria três vezes, mas Louis vai fundo.

A história fica mesmo assombrosa após isso. O gato que ressurge de sete palmos debaixo da terra não é o mesmo de antes. Há algo de maligno em seus olhos, no seu cheiro de enxofre e em sua aptidão para caçar tudo que aparece pela frente. Louis o criou. O gato agora é seu segredo sujo, seu pacto com sabe-se lá quem.

Jud Crandall, o vizinho da família é um dos pontos fortes da narrativa. Ele é responsável por trazer as explicações necessárias e todos os acontecimentos que ano após ano surgiram a partir dessa força que existe no cemitério e além dele. É Jud quem apresenta as possibilidades que Loius acaba abraçando. E tudo sai do controle de um jeito muito rápido. Os últimos capítulos me deixaram sem ar, mesmo que nas últimas páginas eu tenha achado tudo simples demais. Há tempos não sentia tamanha adrenalina lendo um livro. Torci por uma reviravolta.

E para além do sobrenatural, do que existe do outro lado da porta, esse livro é muito sobre decisões. Morrer faz parte de um ciclo natural, é uma certeza universal e ir contra ela pode ser terrível em muitos aspectos. Luto é uma palavra forte, doída, mas necessária. Ressignificar a vida é exigência em diversas situações. King fez isso ao escrever O Cemitério – ele também passou parte de sua vida em uma casa à beira de uma estrada barulhenta de caminhões. O tal do cemitério de bichos existiu de verdade.

Não dá para superar problemas, desafios, perdas, sem receber marcas. Os calejados são parte da trajetória de qualquer um. Eu refleti sobre seguir em frente, enquanto acompanhava um morto-vivo se vingar. Quem ousou atrapalhá-lo do descanso final?

Diferente de Revival e A Hora do Lobisomem, também resenhados aqui no OMD, eu senti algo pairando no ar enquanto lia O Cemitério. Os laços familiares e a conexão surreal existente entre todos os membros da casa me arrepiou diversas vezes. Ellie tem sonhos proféticos, repletos de sangue e desgraça, Rachel é atormentada pelo próprio passado e a incompreensão que vem dele, Louis guia todos para um buraco escuro e Gage parece ser o equilíbrio de tudo. Só parece mesmo.

O livro ganhou uma jacket inspirada na adaptação lançada este ano para os cinemas. Narrado em terceira pessoa, a obra tem mais de 424 páginas – metade delas li no app do Kindle no celular. Pois é, King conseguiu me instigar a esse ponto. Terminei a leitura com o exemplar físico em mãos, o achando pesado – como se um espírito maligno o puxasse para debaixo da terra.

O filme versão 2019 tem um final completamente diferente do livro.

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