Quem é você, Alasca? – John Green
Editora: WMF Martins Fontes
ISBN: 9788578273422
Ano: 2013
Páginas: 229
Classificação:
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Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.
Resenha:
Miles Halter é obcecado por últimas palavras, ele devora biografias de escritores mesmo sem ter lido qualquer livro desses autores. Ao se deparar com as últimas palavras de François Rabelais frente a morte: “Saio em busca de um Grande Talvez”, Miles resolve agir e ir em busca daquilo que tanto procura, algo que o guie no labirinto em que passamos a vida inteira perdidos pensando o quão será magnífico se conseguirmos escapar. Miles Halter não suporta mais não fazer nada. Sempre. Ele quer amigos verdadeiros e uma mudança drástica em sua vidinha sem graça, segura e solitária. Ele está indo estudar na Escola Preparatória Culver Creek, um internato no Alabama, e mesmo que doa deixar os pais sozinhos na Flórida, ele precisa de algo a mais que o impulsione a seguir em frente.
Culver Creek tem suas próprias regras e Miles terá que se adaptar á elas, sua vida está prestes a mudar completamente e a primeira novidade de muitos será seu novo apelido: Gordo, devido seu físico magro e seu jeito desengonçado. Coronel, seu colega de quarto será seu cúmplice nas maiores badernas que a escola já viu e a única regra a ser respeitada será a de nunca, jamais, em hipótese alguma dedurar. Tudo que acontece entre os alunos deve ser resolvido entre os alunos. Eles baterão de frente com os Guerreiros de Dia de Semana, os garotos riquinhos que passam os fins de semana com os pais em mansões, e claro, com o Sr. Starnes, ou Águia, o diretor. O centro de toda a estória está na excêntrica, rebelde e inteligente Alasca. Ela não é uma personagem comum ou fácil de lidar, Alasca é de lua e o próprio Gordo vai ter dificuldades em entende-la, nenhuma dificuldade porém será um empecilho para ele se apaixonar por essa garota tão bipolar, infeliz e que tem um namorado. Alasca é marcada, só vamos entendê-la, parcialmente, em um capítulo onde cada um narra o melhor e o pior dia de suas vidas. Durante boa parte da trama não vamos conhecê-la totalmente, ela está repleta de histórias vagas e incompletas. Alasca tem grande importância para cada jovem que a conhece, uma espécie de brilho natural que contrasta gritantemente com a infelicidade que ela demonstra entre seus altos e baixos.
Nos capítulos vamos acompanhar Gordo, Coronel, Alasca e seus amigos tramando os maiores trotes que Culver Creek já viu, e admito, são incríveis mesmo. Vamos acompanhar Gordo descobrindo a sexualidade, em especial o sexo oral, que é dono do capítulo mais hilário da estória. Vamos acompanha-los em maratonas de álcool e cigarros ,que eu particularmente vi como uma forma de fugir da realidade, tão massacrante em alguns momentos. Todos esses momentos “felizes” são uma base que nos aproxima bastante dos personagens e nos prepara para ter o coração destroçado na segunda parte da estória. E por mais que tenha sido trágico e repetitivo, o autor retratou brilhantemente a fragilidade de nossas escolhas. Os rumos que tomamos interferem muitas vezes não só em nossos caminhos. Algumas perguntas simplesmente não tem respostas.
Ouso dizer que Quem é você, Alasca? não é o tipo de livro que vai te prender pela estória, afinal não é algo tão divertido ou original, o que torna o enrendo único são os diálogos, as divagações e o modo como diversos problemas e questionamentos são postos em debate de forma filosófica e muito inteligente. Algo que me surpreendeu também foram os personagens. Nenhum deles é de todo modo cativante por completo, eles são egoístas. O autor teve a brilhante ideia de criá-los com defeitos e isso pode ser responsável por você amar ou odiar a estória. O medo é uma constante, por mais que essa seja a desculpa usada por todos, eles se questionam sobre a saída desse tal labirinto de sofrimento e divagam sobre todos os pontos que permeiam suas cabeças tão jovens mas cheias de cicatrizes e fardos.
Meu primeiro contato com a escrita de John Green foi bastante singular, esse livro aborda situações e sentimentos de uma forma que nunca li. Só não dei nota máxima pois a segunda parte da narrativa se tornou muito repetitiva e acabou perdendo de certa forma o tom emotivo que deveria ter tido. De outra forma eu teria chorado.
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