A Caça – M.A. Bennett
ISBN-10: 8580419301
Ano: 2019 / Páginas: 240
Editora: Arqueiro
Classificação:
O ano letivo começou e Greer MacDonald está se esforçando ao máximo para se adaptar ao colégio interno onde ela entrou como bolsista. O problema é que a STAGS, além de ser a escola mais antiga e tradicional da Inglaterra, é repleta de alunos ricos e privilegiados – tudo o que Greer não é. Para sua grande surpresa, um dia Greer recebe um cartão misterioso com apenas três palavras: “caça tiro pesca”. Trata-se de um convite para passar o feriado na propriedade de Henry de Warlencourt, o garoto mais bonito e popular do colégio… e líder dos medievais, o grupo de alunos que dita as regras. Greer se junta ao clã de Henry e a outros colegas escolhidos para o evento, mas esse conto de fadas não vai terminar da maneira que ela imagina.
Se eu tivesse lido “A Caça” aos 17 anos teria achado essa história um máximo. Porém, a experiência de leitura aconteceu aos 24 anos, então o contexto é bem diferente. Não ouvi comentários positivos de ninguém quando disse que a obra de M.A. Bennett seria minha próxima leitura. Terminei as 236 páginas da obra com um misto de sentimentos – houve a curiosidade nos primeiros capítulos, a decepção no meio do livro, o tédio pela não reviravolta das coisas, a volta da esperança nos capítulos finais e uma surpresa no desfecho – essa resenha não é de todo negativa porque as últimas páginas me deram uma nova perspectiva sobre tudo.
A verdade é que o livro não entrega o que todo o marketing vende, mas poderia ser vendido de um jeito menos alucinante. Se é que alucinante é a palavra correta, mas é o que eu esperava a partir de frases como “Um fim de semana mortal” e “Uma Agatha Crhistie para adolescentes modernos”. Não é de todo ruim, visto que se trata de uma série. Mas acho que, sendo uma pessoa já calejada de histórias médias, ando evitando livros que não me ganham no primeiro volume.
1- Greer MacDonald é uma protagonista ok. Ela não surpreende, não decepciona, apenas segue o fluxo da história. Em “A Caça”, ela é uma adolescente que acaba em uma escola interna, católica e voltada para famílias ricas vistas como superiores. Com um pai que trabalha viajando pelo mundo, ela se vê sozinha em um pequeno grande problema. Nessa escola aristocrata chamada STAGS, é proibido o uso de celular e a tecnologia é vista como algo negativo. Há uma crítica bacana sobre isso, mas é algo tão raso que parece um trabalho de ensino fundamental. Não há uma reflexão de fato. O livro é narrado em primeira pessoa por Greer.
2- Os personagens poderiam ser ferozes, mas não são. Os chamados medievais são quem comandam a escola. São meninos de casacos novos, peles de pêssego e influência oriunda de outras gerações – os avós que levaram os pais que matricularam os filhos. A questão status direciona a história de um jeito bacana. Nsse ponto o trabalho foi bem feito, o cenário onde tudo acontece é perfeitamente imaginável.
Quando um feriado se aproxima, uma antiga tradição vem à tona: o feriado em Longcross, residência de Henry de Walencourt, o chefe desses medievais. Trata-se de um evento muito exclusivo, em que os convidados do jovem passam um fim de semana praticando caça, tiro e pesca. O livro é dividido em três partes, uma para cada prática esportiva.
3- Ser convidado para esse fim de semana na propriedade vasta, afastada e riquíssima do Henry te coloca em um novo patamar. De garota excluída à parte de um clube privilegiado. Greer acaba indo por todo o contexto, mas a decisão não poderia ser a mais errada. Coisas estranhas começam a acontecer a cada saída dos jovens para os esportes e não consigo descrever a minha expectativa para que a autora tivesse entregado coisas geniais aqui. Infelizmente nada muito empolgante acontece e tudo é muito previsível. Os perigos, o real objetivo desse fim de semana e toda a história por trás desses meninos ricos e de personalidades instáveis. As intenções ficam claras na primeira noite na propriedade.
4- Eu sei que o livro é voltado para o público juvenil, e por isso mesmo me irrita o fato da autora ter inserido tantas referências ao cinema em seu texto. Tudo bem citar filmes, mas é realmente necessário contar o final deles? Há spoilers até de produções mais recentes. Achei tedioso.
5- É uma história cinematográfica. Sem dúvida alguma. Tudo isso no cinema teria outro tom, outra visão e timing. O desfecho, além de deixar muitas brechas e possibilidades para uma sequência, é o tipo de final que faz qualquer um sair do cinema levemente surpreendido. Eu adorei o que a autora fez e gostaria de ter encontrado mais coisas do tipo durante a narrativa.
Não classifico a história como ruim porque a experiência no geral foi leve. O texto é fluído, entrega acontecimentos relevantes de um jeito bem pontual que me fez investir na leitura até o seu fim. Recomendo de olhos fechados para o público mais jovem que não tem muitas referências do gênero – e, definitivamente, não tem nada de Agatha Christie.
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