Em algum lugar da Vila Madalena, esperando um ônibus que me leve até minha casa temporária nessas férias, reparo numa senhorinha rindo de orelha a orelha.
Ela olha pra mim, arruma a sacola de fruta que carrega no colo, olha pro horizonte, pra mim e ri.
Imagino que ela seja biruta ou que esteja lembrando de algo feliz, nada a ver comigo e tal.
Nada do bendito 7272.
Mas daí nossos olhares se encontram.
– você é a cara de uma amiga minha médica.
– como?
– médica! ela era vegana, eu cozinhava pra ela. Era ótimo.
– ah, sim
– olhei pra você e me veio umas coisas boas na mente (nunca vi uns olhinhos enrugados brilharem tanto)
– que bom, né?
Só fico imaginando essa médica acabadíssima.
Sério.
Depois de um dia inteiro turistando a pé pra cima e pra baixo eu estou só o pó.Se o jornalismo não me render uma casa e uma feira, já sei pronde vou arriscar. No mais, ainda não consigo abrir mão de um churrasco.
Acho que eu seria neurocirurgião.
Acho que eu seria neurocirurgião.
Deixe seu comentário