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[RESENHA] Juntando os Pedaços – Jennifer Niven

Publicado em 25 fev, 2017

Juntando os Pedaços – Jennifer Niven
ISBN-10: 8555340241
Ano: 2016

Páginas: 392
Editora: Seguinte
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

Resenha:
Não é preciso avançar muito na leitura de Juntando os Pedaços para perceber que algo muito bonito se esconde nas páginas seguintes. Ágil, tocante e estupidamente próxima. É assim que classifico a escrita de Niven. Ela parece estar conversando conosco, sussurrando no ouvido tudo que deveríamos ouvir na adolescência: Alguém gosta de você. Você é necessário. Você é amado. É nessa fase, tão perigosa, irresistível e crucial, que, na maioria da vezes, tomamos as primeiras grandes decisões de nossas vidas. É nesse período que a gente forma caráter e estabelece um lugar no mundo, ainda que ambos mutáveis. Nessa história, Jack e  Libby são opostos que se atraem, completam-se e têm muito a ensinar.

Libby perdeu a mãe quando ainda não se sustentava como um indivíduo independente. Como alguém que saberia o mínimo de como existir sem alguém que representa metade de você. Com a morte, ela encontrou na comida um refúgio. Um passa-tempo seguro para estacionar no tempo e não encarar o luto. Resultado? Um pai confuso, tão perdido quanto ela e que teve de assistir a filha sendo resgatada por um guindaste da própria casa por não conseguir se mover da cama onde passou os últimos meses se martirizando.

Jack é o típico atleta bonitão que todos adoram, não só pelo talento no esporte e jeito com as garotas, mas por ser um aluno mediano e bom filho. Em certo ponto da história a gente entende que ele procura ser bom em quase tudo como forma de escudo. Como forma de esconder algo que ele ainda não entende muito bem, mas descobrirá ser prosopagnosia, uma doença que não permite que ele identifique as pessoas pelos rostos. Desde pequeno ele enfrenta o mundo de um jeito diferente, tentando guardar detalhes específicos de cada indivíduo afim de reconhecê-los. Cabelos, jeitos de andar, entonações vocais, altura e até cheiros. Dá para imaginar como é viver sem identificar a própria família? Diariamente?

Por mais que seja assustador correr atrás dos sonhos, é mais assustador ainda ficar parado.

Depois de anos estudando em casa, Libby está pronta para voltar à escola. Ela só não esperava perceber com tanta dureza como todos ao seu redor seguiram com suas vidas normalmente enquanto ela quase morria sozinha entre quatro paredes. Melhores amigas que nunca foram visitá-la, professores que tentam ajudar, mas só pioram a situação e, claro, gente disposta a atacá-la com ofensas gratuitas. A grande questão aqui é a forma como a garota enfrenta todos esses problemas. Ela é extremamente positiva, corajosa e disposta a deixar o passado para atrás. Libby foi uma vitoriosa desde o primeiro capítulo e eu, particularmente, não estava preparado para isso. A forma como ela enxerga o mundo brilhar depois de tanto tempo nas sombras é revigorante. É tudo que a gente precisa entender sobre seguir em frente. Ela não sente pena de si mesma. Não há motivos para isso.

Com capítulos curtos, narrados pelos dois protagonistas, a história, apesar de suas quase 400 páginas, passa rápido. Flui de um jeito apaixonante porque a autora semeia compaixão e esperança em cada núcleo da narrativa. Ela reverbera a importância da empatia no dia a dia. O irmão de Jack, por exemplo, é uma criaturinha abençoada. Leiam e entendam o que Niven fez aí. Certo, obviamente os caminhos de Libby e Jack vão se cruzar e o resultado disso guia o livro por caminhos bem conflituosos. Cada um enfrenta seus demônios, mas em algum momento o diabo vai pedir que eles lutem juntos. Eles são adolescentes, então amizade, amores e vida social são pauta. São sinônimo de obstáculos.

Só porque algo foi o certo por um tempo considerável não significa que mudar seja errado. A gente se acomoda no confortável e deixa de lado o que realmente importa e é verdadeiro. Jack vai descobrir o valor de confiar nas pessoas certas e deixar para trás quem não faz mais sentido. Já Libby é tão empoderadora. Ela funciona como uma voz a ser ouvida e ampliada num megafone para todas as pessoas do mundo. Ela grita o quão lindos somos do jeitinho que nascemos e como é precioso a auto-aceitação. Juntos eles descobrem como enxergar o outro da forma correta e o mais importante, olhar-se no espelho e não querer mudar o mundo por razões frívolas. Mudar o mundo é algo que começa lá dentro ao juntar todos os pedaços que um dia estiveram distantes por medo do fracasso. Um coração partido é melhor que a ausência de sentimentos. Sentir é sempre melhor que nada. Sentir permite o desconforto necessário para agir em busca do que dá prazer.

A gente não pode lutar as batalhas das outras pessoas, por mais que dê vontade.

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