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[RESENHA] Jantar Secreto – Raphael Montes

Publicado em 24 fev, 2017
Jantar Secreto – Raphael Montes
ISBN-13: 9788535928358
Ano: 2016
Páginas: 360
Editora: Companhia das Letras
Classificação: 

Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca. No cardápio: carne humana. A partir daí, eles se envolvem numa espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos, grã-finos excêntricos e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.


Resenha:

Consigo identificar o ponto alto de uma obra literária assim que termino de lê-la. Em Jantar Secreto, peno nessa tarefa há semanas. É como se a partir de certo estágio da história tudo fosse estupidamente importante. Avassalador. O autor ia longe demais para logo em seguida ir mais fundo ainda. É preciso ter estômago para acompanhar os detalhes sórdidos. Estômago para uma série de jantares bizarros. Raphael Montes me deu, mais uma vez, um livro predileto.

Num apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, quatro amigos anseiam por uma reviravolta. Anseiam pelo sucesso profissional que parece não vir apesar dos esforços. Eles vieram de um interior do Paraná para estudar e conquistar os sonhos de uma vida inteira. Um aspirante a chef de cozinha, um médico, um estudante de administração e um hacker obeso são os protagonistas. Hugo, Miguel, Dante e Leitão. Cada um com seus problemas e particularidades. Índoles e fraquezas.
O que você precisa mesmo saber nesta resenha é que Leitão, o gênio da computação que se entope de Nutella e pizza enquanto fuma maconha trancado no quarto, não paga o aluguel do espaço em que vive há seis meses. Todo o dinheiro que os meninos passam para ele, cuja única função no apê é a de controlar as despesas, foi gasto com uma garota de programa. Cora chegou como um presente de aniversário e nunca mais foi embora. O que deveria ser apenas uma transa, tornou-se várias. Até o amor brotar dessa relação, muito dinheiro é gasto. Um dinheiro que agora todos eles precisam arranjar para pagar o aluguel antes que sejam expulsos dali. Ou até presos.
O problema disfarçado de solução surge nesse ponto. No desespero por um dinheiro fácil. Na internet, um anúncio apresenta a possibilidade de jantar carne humana. Os valores? Altíssimos. Porque não investir? Nem eu como leitor consigo explicar como tudo isso se materializou, mas no capítulo seguinte já estamos acompanhando os quatro providenciando um cadáver humano para abate. Eles criam o próprio negócio. Clandestino, voltado para um público seleto e disposto a pagar caro para uma experiência única. Cora se torna elemento chave no meio disso tudo. De batom na boca e uma moto-serra nas mãos, ela é a responsável por desmembrar e desossar as vítimas na sala do apartamento dos meninos. Hugo, o aspirante a chef, assina o cardápio com ingredientes requintados. De longe é o mais animado. O crime se torna a chance dele inovar e por em prática tudo que aprendeu, tudo que ninguém o viu fazer por falta de oportunidades.
Narrada por Dante, a história ganha novos personagens. Aparentemente inofensivos, mas que dominam tudo que acontece. Os meninos se tornam vítimas do próprio esquema, marionetes dentro de algo muito maior. Os jantares se tornam uma sensação, despertam o interesse da mídia, mas toda e qualquer pedra no sapato é eliminada. O vermelho sangue da lateral das páginas faz todo o sentido do mundo. Sangue é o que mais transborda nessa história. Um período extenso de tempo se passa dentro do enredo e, nesse ponto da resenha você deve estar se perguntando: eles não fazem nenhum tipo de julgamento sobre o que praticam? De um jeito ou de outro fazem sim, mas é tudo tão grandioso que pensar a respeito só traz loucura, desconforto e aflição.
Na verdade o que mais me perturba até agora são as opiniões que li, justificando os motivos para se alimentar de carne humana. É impossível não cogitar as explicações dadas. Se o homem está sempre atrás de algo para suprir suas carências, o que me faz pensar que a partir do momento em que o comércio gastronômico de órgãos humanos for oferecido não haverá gente interessada em provar?

 

Já pararam pra pensar que o canibalismo pode ser a solução mais imediata pra fome no mundo? Quero dizer, não comemos nossos próprios mortos por uma questão cultural. Não fomos criados assim. Acontece que enterrar os mortos é um grande desperdício de carne saborosa que poderia ser usada como alimento. Mesmo na vila mais pobre da África, onde pessoas passam fome, há carne sendo desperdiçada nos enterros. Por que não comer? O que mata essas pessoas de fome é esse impedimento moral de comer os semelhantes.

Aprofundar-me em detalhes é estragar o desenvolvimento do livro, mas preciso dizer duas coisas: Leitão é o personagem mais interessante da trama. Nem Dante, que por narrar tudo está em evidência na maior parte do tempo torna-se tão fascinante quanto o gordo. Preparem a melhor cara de espanto para os capítulos finais. Eu poderia escrever laudas e mais laudas sobre tudo que me encantou e saltou os olhos em Jantar Secreto. Leiam!
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1 Comentário

  • […] Montes não são novidades por aqui e basta você dar uma olhada nas resenhas de Dias Perfeitos, Jantar Secreto e O Vilarejo para sentir o que te espera durante a leitura de Suicidas. E por mais que eu já […]