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[RESENHA] Simon vs. a agenda Homo Sapiens – Becky Albertalli

Publicado em 04 maio, 2016

Simon vs. a agenda Homo Sapiens – Becky Albertalli
ISBN-10: 8580578922
Ano: 2016
Páginas: 272
Editora: Intrínseca
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar.

Resenha:
A primeira coisa que pensei ao terminar esse livro foi: “Na vida real as coisas não são tão fáceis assim. Na vida real o final feliz seria amanhã. E você consegue imaginar tudo o que cabe no amanhã?.” Não é um livro triste, apesar que a depender do seu nível de conexão com as histórias é bem capaz que algumas lágrimas escapem. É terrivelmente bonito e nos faz pensar que a vida não precisa ser tão dura. Nós não precisamos sobrecarregar o que já é difícil. Eu adorei a positividade que a autora trouxe para uma questão tão delicada. Ser gay é maravilhoso. Vamos mostrar isso ao mundo.

Há meses Simon troca e-mails com Blue. Eles se conheceram através de um tumblr de fofocas e declarações anônimas da escola em que estudam. Nunca se viram, não sabem suas verdadeiras identidades e está cada vez mais difícil permanecer assim. Eles estão apaixonados. Simon e Blue construíram um relacionamento virtual tão sólido e pessoal que eu tive medo. Tive medo da hora em que eles fossem transportar tudo isso para a vida real. Mas isso demora a acontecer. Blue não está pronto e Simon não quer pressioná-lo. Blue foi a melhor coisa que aconteceu na vida de Simon e ele teme que o garoto desapareça. Expectativas são algo bem ruim.

O que realmente guia toda a história é uma chantagem. Martin, o nerd mais popular da escola, acabou descobrindo sobre a troca de e-mails de Simon depois que ele deixou sua conta de Gmail aberta num computador. Com prints das conversas em posse e uma vontade muito louca de ser o namorado da garota mais desejada do ensino médio, Martin dá início a uma negociação: Simon deve ajudar ele a se aproximar de Abby ou todo o mundo vai ficar sabendo que Simon é gay.

Becky Albertalli foi genial nesse ponto. Martin não é homofóbico. Ele simplesmente erra. E é algo realmente claro durante todo o texto. O próprio irmão do garoto é homossexual e existe uma certa admiração entre eles. O que Martin faz é o que todo mundo está sujeito a fazer: errar. É uma mancada gigantesca, difícil de acreditar, mas ninguém está falando em inocência. Eu achei essa desconstrução bonita. Ele não é um monstro violento assassino de mulheres, ele simplesmente precisa de alguém para alertá-lo.Martin simplesmente vê a chance de se dar bem sem medir as consequências. E as consequências são extremas. Ele tirou de Simon a possibilidade de contar uma história que era dele. Sair do armário deveria ter sido o seu momento. É uma discussão bem mais exemplificada no livro, leiam e me entendam.

Simon também erra. Ele envereda pelas chantagens de Martin e acaba não pensando em Abby, uma de suas melhores amigas. Como ele pode achar que poderia controlar o coração de alguém quando não conseguiu controlar suas próprias emoções? Os personagens secundários, que consistem na família de Simon e todos os seus amigos, são maravilhosos. Eu me apaixonei por vários e suas problemáticas. O livro não se prende ao romance gay. Ele se aprofunda em tudo que está ao redor disso. É uma obra sobre egoísmo, amizade, limites e percepção. Perceber o próximo e estar presente.

“- Nada de filmes. Odeio filmes. – É mesmo? – É mesmo. Por que eu ia querer ver outras pessoas se beijando, se posso beijar você?”

O mistério que se instala logo nos primeiros capítulos é: quem será Blue? No decorrer das páginas Simon arrisca alguns palpites, erra todos e meio que decepciona e surpreende a gente. Porque ele pensa em Blue como alguém de olhos claros e branco? Entende o que estou querendo dizer? O livro aborda questões assim. Masculinidade não é sinônimo de ser hétero, bullying não deve ser sinônimo de algo irreparável e as pessoas merecem ser quem realmente são. Elas podem ser melhores.

“Ele falou sobre o oceano entre as pessoas. E que o objetivo de tudo é encontrar uma margem até a qual vale a pena nadar.”

É tudo muito bonito na verdade. Simon sabe muito bem o que é e do que gosta. Não há uma crise existencial a ser superada. O que ele precisa superar de fato é o medo do exterior. Exterior mesmo. Fora do lar eu diria. Sua família é compreensiva, um grande trunfo da história e em momento algum eu pensei em reações contrárias que não fossem abraços e beijos. Apesar de existir uma leve repreensão de pessoas da escola, por exemplo, Simon não sofre. A realidade que a autora o inseriu é diferente da que os gays geralmente enfrentam. Qual a porcentagem de gays que se assumem e encontram pela frente um caminho repleto de pessoas dispostas a amá-los? É bom começar a leitura sabendo disso. Não é um livro que discuta esse ponto. Que mostre a real dificuldade que é ser gay numa sociedade preconceituosa. É mais um livro para celebrar a felicidade e as coisas dando certo. Não há nada errado quanto a isso.Você vai se ver sorrindo enquanto lê e torcendo pelos personagens. O li em um dia.

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