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[Resenha] Corações de Alcachofra – Sita Brahmachari

Publicado em 06 ago, 2015

Corações de Alcachofra – Sita Brahmachari

ISBN: 9788501097910
Ano: 2015
Páginas: 320
Idioma: português
Editora: Galera Record
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Mira Levenson tem 12 anos e raros momentos de tédio. Mas não imaginava que seria obrigada a lidar com um sentimento totalmente novo e possivelmente o mais difícil de sua vida em meio a todo esse turbilhão: sua avó, Josie, uma excêntrica e animada pintora, está com câncer, e pretende encarar a última fase da vida como sempre encarou tudo, de cabeça erguida e com bom humor. Enquanto tenta lidar com o que está por vir (com a ajuda de seu presente de aniversário, um diário), Mira vai descobrindo que não é a única com segredos e, aos poucos, compreende que, assim como um coração de alcachofra, nosso próprio coração sempre tenta proteger a parte mais preciosa.

Resenha:
O mais divertido de ler livros voltados para o público mais jovem é perceber se o autor escreveu aquilo, de fato, para apenas um tipo de público. É relativo, eu sei, mas no caso de Corações de Alcachofra, Sita Brahmachari (nome indiano!), elaborou um enredo que nem de longe é restrito. Dá para qualquer adulto ou adolescente se identificar com aspectos da trama. É meio bobinho? Sim. Vai dar uma certa impaciência? Também. Mas vale lembrar que a narradora é uma criança de 12 anos. Logo, toda a sua cabeça é mesmo com uma mentalidade dessa idade.

Mira Levenson acabou de fazer aniversário e mestruar. Essa última parte ela fez questão de esconder de toda a família e amigos, mas parece que as dúvidas que tem estão se tornando insuportáveis. Ela até entende pelo o que seu corpo passa, mas precisa de ajuda para saber como agir. Com uma irmã ainda bebê, a Laila, e um irmão ainda criança craque em corridas, o Krish, nossa protagonista se vê sempre rodeada de situações enlouquecedoras. Laila esperneia e grita por uma liberdade que ainda é impossível para sua realidade. Ei! Você ainda está de fraldas, não vai sair de casa sozinha. Já Krish não está lidando muito bem com a inevitável e pouco aguardada morte de sua vó.

Esse é o problema que guia toda a história. A vó dos garotos está com câncer e sabe, no fundo, que não tem muito tempo de vida. Precavida ela decide cuidar do próprio caixão. Artista nata que é, sempre encarou a vida com humor e criatividade. Sua maior inspiração é Frida Kahlo. Dá para imaginar o quão mórbido e triste é acompanhar um parente cuidando da própria morte?

Na hora de dar o adeus, vovó Josie não quer que todos chorem as pitangas e a vejam empacotada dentro de algo feio e nada original. Para isso pede a ajuda de Mira para colorir seu caixão. Azuis, verdes, amarelos, brancos, rosas. Todos os tons. Os tons mais impressionantes. Vovó encara seus últimos dias com o mesmo fervor que cultivou durante toda a vida. Complicado é se despedir aos poucos dos netos, da família toda, do mundo.

Com a mestruação e os hormônios a flor da pele, Mira começa a perceber mudanças não só físicas, mas sentimentais também. Ela está se apaixonando. Corações de Alcachofra é um livro de primeiras vezes. O primeiro adeus, o primeiro amor. Dois opostos dolorosos e complicados. A melhor amiga de Mira a arrastou para uma espécie de clube literário formado por apenas quatro pessoas, além da srta. Pat Print, que comanda toda as reuniões com debates e momentos de socialização. É aqui que Jidé Jackson entra em cena. Ele é misterioso, atencioso e parece estar tão interessado quanto nossa protagonista, que pensa nele o dia todo. É uma premissa simples, mas que aborda tudo que fervilhou em nossas cabeças quando éramos mais jovens, inexperientes e com muito medo de tentar. O time de personagens cresce junto, tem uma conexão maravilhosa e a autora conseguiu não se fazer apenas de clichês para contar sua história. E olha que Mira cultiva um diário no meio disso tudo!

Para finalizar minhas impressões preciso dizer que estou assustado. Pensei que apenas eu tivesse a mania de estabelecer metas quando era mais jovem. Metas do tipo “Se eu chegar no pátio da escola em 77 passos vou ganhar um celular do meu pai”, “se eu descer a escada antes daquele senhora passarei de ano direto”. Mira tem essa mesma mania e nunca, em toda a minha vida, eu havia lido sobre isso ou conhecido alguém que me confessasse esse costume assustador. É engraçado repensar nossa infância. O quanto não já vivemos e aprendemos, não é mesmo? Ah, e eu não esqueci do significado do coração de alcachofra. É que é tão bonitinho, que prefiro não estragar.

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