A Grande Ilusão – Harlan Coben
ISBN-13: 9788580417234
Ano: 2017 / Páginas: 304
Editora Arqueiro
Classificação: 

Maya Stern é uma ex-piloto de operações especiais que voltou recentemente da guerra. Um dia, ela vê uma imagem impensável capturada pela câmera escondida em sua casa: a filha de 2 anos brincando com Joe, seu falecido marido, brutalmente assassinado duas semanas antes.  Tentando manter a sanidade, Maya começa a investigar, mas todas as descobertas só levantam mais dúvidas.  Conforme os dias passam, ela percebe que não sabe mais em quem confiar, até que se vê diante da mais importante pergunta: é possível acreditar em tudo o que vemos com os próprios olhos, mesmo quando é algo que desejamos desesperadamente?

O melhor a se fazer nas histórias de Harlan Coben é duvidar de tudo. Eu já deveria ter absorvido isso, mas é impossível não tentar solucionar o caso antes do livro terminar. Acabo me agarrando a alguma teoria que só faz sentido na minha cabeça e, em todas as vezes, o autor sempre consegue me surpreender. Em “A Grande Ilusão”, a narrativa repleta de possibilidades se torna viciante. O que você faria se o grande amor da sua vida estivesse morto, mas surgisse numa gravação de vídeo recente? Qual teoria você defenderia?

Maya é uma ex-soldado de guerra que precisou abandonar o ofício depois de uma tragédia (matar civis em uma operação super delicada). Ela é a protagonista dessa história. Mãe solteira tentando viver com sequelas de um passado violento, ela se vê numa situação inusitada: seu marido é morto de forma brutal com a mesma arma que sua irmã fora assassinada anos atrás. Não muito contente com as investigações por parte da polícia, ela decide ir atrás de respostas por conta própria. Eu preciso dizer que Coben preparou as reviravoltas mais absurdas para tudo isso?

Quando uma filmagem põe Joe, o marido morto, na casa de Maya dias após o crime, tudo vira de ponta cabeça. Como é possível? Vale ressaltar que este livro não faz parte de nenhuma das séries escritas pelo o autor – tem início, meio e fim nesse único volume.

Um início de apresentações e introdução ao universo de Maya (criando a filha sozinha, adaptando-se a uma rotina sem tanques, tiroteios e adrenalina), um desenvolvimento rápido que acontece em vários núcleos diferentes (temos a família rica de Joe, o passado de sua irmã e um presente cheio de amizades novas e perigosas), e um desfecho taquicardia. Sabe quando a história acaba e dá um salto de 25 anos para ver o futuro dos personagens? Coben finalizou toda a trama de um jeito tão chocante que só duas décadas para amenizar o impacto das coisas mesmo. Sigo em choque. A vida nem sempre vai entregar finais felizes para nós, porque a arte deveria ser assim, né?

Duas coisas muito importantes tornaram esse leitura interessante: o fato de Maya não se sentir culpada por ter matado civis na guerra e o estilo de vida da família Burkett. O texto de Coben não é leviano e o aprofundamento psicológico dos personagens sempre traz algo novo e digno de nota. Nesse caso, Maya é assombrada pelo que aconteceu enquanto pilotava numa operação especial. Não é a culpa que a corrói por dentro, é a falta dela. É a necessidade que ela tem de viver esses dias duros e difíceis outra vez. O ser humano é ou não uma tremenda confusão? Refletir sobre o que isso significa vai tão além do que um simples livro de ficção poderia nos entregar…

Já os Burketts dão o dinamismo que toda aventura merece. Integrantes problemáticos, mentirosos e preocupados com as aparências. Uma família tradicional não pode sujar sua imagem por um assassinato qualquer, pode? E por vários?

A narrativa é feita em terceira pessoa, as páginas passam sem perceber e temos aqui mais um acerto do mestre das noites em claro. Última leitura de 2018 favoritada com sucesso!