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QUANDO É HALLOWEEN DENTRO DA GENTE

Publicado em 10 nov, 2016

Foi minha avó quem me incentivou a escrever. Quando eu era criança meus presentes prediletos não eram os carrinhos que eu ganhava, muito menos as bonecas da minha irmã que eu brincava escondido. Lápis e papel sempre foram meus tesouros. Nada me dava mais prazer que sentir o cheirinho de papel novo, um gosto estranho que culminou na minha paixão pela leitura e nesse blog que cultivo há mais de 6 anos. Minha avó pedia para eu escrever sobre mim. Ela nunca quis que eu inventasse histórias ou personagens. E hoje quando paro e penso nisso um sentimento de gratidão me invade porque foi escrevendo sobre mim que eu me entendi por completo e tão cedo. Não tem nada mais gostoso que se conhecer. Te faz forte. Te prepara para um mundo onde todos acham que conhecem alguém por seguir esse alguém em redes sociais. Te prepara para um mundo onde preconceito se disfarça de opinião e ter uma virou modinha.

Me preparou para um mundo onde eu tive que aprender a me ouvir. E essa será a minha eterna reclamação: as pessoas não sabem ouvir. Elas tem pressa. Elas querem compartilhar suas histórias, aventuras e problemas, mas no fundo, lá no fundo, não querem saber sua opinião. Não querem. Eu também não quero. Às vezes dói. Às vezes dizem a verdade e eu quero ter a liberdade de fazer o que eu quiser sobre o que eu quiser independente de julgarem ser o fim do mundo. E eu posso. Você também pode. O fim do mundo é a droga de uma história de amor (?) mal resolvida, é a droga de uma fatura atrasada e a droga dos quilos a mais na balança. O fim do mundo é a palma da minha mão que eu não conheço tão bem, mas domino. E com ela eu reconstruo tudo e despedaço. E convido alguém à segurá-la. Não por mim, mas comigo.

É aquele velho dilema de por na prática os conselhos que você dá. Porque conselho é algo prazeroso de distribuir. É halloween. É a gente exercendo todo nosso poder de síntese e autocontrole quando na verdade nada daquilo que é dito é levado a sério pela gente. Sei bem disso. Seguir em frente é complicado mesmo. Mas eu nunca parei, apesar de adorar olhar para trás. É que eu olho com carinho. Eu avalio e esqueço, meio sem querer. Deixo para lá. Desejo o bem, espero o bem. Não consigo guardar mágoa. É uma droga. Queria conseguir acumular a raiva de uma jamanta defendendo os filhotes de satanás, mas se esvai de mim. É coisa de tempo. A gente acha que já superou, que nunca importou, mas no primeiro open bar vem a verdade. Cerveja é a peste. Bate um arrependimento, uma ressaca. Uma vontade de mais. Mais o quê? Já foi.

Eu já fui uma criança que torrava todo e qualquer dinheiro que ganhava com chiclete e salgadinho. Perdi um ano da minha vida internado com infecção no estômago e cinco da minha adolescência usando todos os tipos de aparelho nos dentes. Eu já fui o garoto levando refrigerante para as festas que as meninas levavam os salgadinhos e hoje sou uma espécie de adulto (?) que presenteia com um espremedor de laranja branco uma amiga que está montando uma cozinha com utensílios pretos. Talvez a minha avó só quisesse me ver calado e quieto enquanto eu escrevia. Talvez ela só quisesse paz. A paz que eu tenho hoje quando paro e penso que posso tomar atitudes por mim. Boas ou ruins. As explicitamente boas e as corajosamente ruins, mas necessárias.

Às vezes acho que não sei de nada.

Felipe Miranda

Felipe Miranda

Sou redator, produtor de conteúdo, freelancer 24h e quase jornalista. Não consigo ficar quieto. Criei o OMD aos 15 anos e de lá para cá já vivi um mundo inteiro de histórias malucas (sem nem sair de casa).

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2 Comentários

  • Anônimo
    10 novembro, 2016

    A forma que você escreve é tão linda quanto e como você.