Tudo e Todas as Coisas – Nicola Yoon
ISBN-10: 8581637884
Ano: 2016
Páginas: 304
Editora: Novo Conceito
Classificação:
Página do livro no Skoob
Minha doença é tão rara quanto famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo. Qualquer coisa pode desencadear uma série de alergias. Não saio de casa. Nunca saí em toda minha vida. As únicas pessoas que já vi foram minha mãe e minha enfermeira, Carla. Eu estava acostumada com minha vida até o dia que ele chegou. Olho pela minha janela para o caminhão de mudança, e então o vejo. Ele é alto, magro e está vestindo preto da cabeça aos pés. Seus olhos são de um azul como o oceano. Ele me pega olhando-o e me encara. Olho de volta. Descubro que seu nome é Olly. Talvez eu não possa prever o futuro, mas posso prever algumas coisas. Por exemplo, estou certa de que vou me apaixonar por Olly. E é quase certo que será um desastre.
“Estou inteira. Estou em pedaços.”
Não, Madeline Whittier não vive em outro plano, planeta ou galáxia. Ela simplesmente habita a sua própria versão desse mundo. Com apenas alguns meses de vida ela foi diagnosticada com uma doença rara. Uma doença que a faz alérgica ao ar. Ao toque e ao sol. Seu histórico médico é preocupante. Internações, crises e incontáveis remédios. Ela vive com a mãe numa casa totalmente reformada para atender as suas necessidades. A única pessoa do exterior com quem ela interage é sua enfermeira Carla, que passa por uma série de procedimentos de lavagem e desintoxicação antes de adentrar a bolha de Madeline.
Seu pai e irmão foram mortos num acidente anos atrás. Algo que moldou sua mãe como ela é hoje. As cicatrizes internas ainda são visíveis. Existem perdas pesadas demais. É por isso e por suas limitações que Madeline é extremamente próxima de sua mãe. Ela investiu e investe tudo que possui nos cuidados com Maddy e a garota não consegue enxergar prova de amor maior. Juntas cultivam uma rotina de jogos e sessões de filmes que, infelizmente, parecem cada vez mais forçadas. Aos 18 anos nossa protagonista anseia por mais. O impossível para ela.
Só que a personificação do impossível nunca pareceu tão palpável. Se Madeline enfrentou uma existência de conformismos e sonhos baixos, ela está prestes a voar. O novo vizinho, o garoto da casa ao lado, desperta algo inédito nela. Maddy e Olly passam a se comunicar por mímica através das janelas até trocarem e-mails e se tornarem íntimos. Algo que ela só conhecia com a mãe. Madeline está apaixonada e com medo. Não é justo ela se envolver com alguém que nunca poderá tocar.
“Eu era feliz antes de conhecê-lo. Mas agora estou viva. São coisas diferentes.”
Do alto de sua torre encantada Maddy se vira como pode. O mundo que ela conhece é o mundo dos livros. As histórias que leu são todas as aventuras que participou. As sensações que ela leu são todas que sentiu desejando poder escrever sua própria reviravolta. Seu próprio final feliz.
”Sonhei que fugi de casa levando o garoto que amo comigo. Sonhei que vi o oceano, que ele era infinito e que eu não conseguia encontrar o seu fim. Sonhei que eu pegava no sono em um quarto inquieto com o garoto que eu amo e sonhei que fugi de casa levando o garoto que eu amo comigo. Sonhei que vi o oceano que ele era infinito e que eu não conseguia encontrar o seu fim. Sonhei que eu pegava no sono em um quarto inquieto com o garoto que me ama e sonhei com a vida que já estava vivendo.”
Em um determinado momento da história você vai se questionar sobre os possíveis desfechos para tudo isso. Não há muitas saídas. O desenrolar da trama mostra ao leitor as possibilidades e o desfecho de tudo é lindo. É tudo muito lindo para falar a verdade. Com a ajuda de Carla, Maddy e Olly passam a se encontrar na prisão da garota e a proximidade deles define o futuro. Maddy precisa mergulhar onde jamais nadou, correr por onde jamais andou e voar. Maddy precisa respirar o ar puro de um mundo cheio de cores. Ela toma uma decisão e a gente sofre. A gente torce e se questiona: será que estamos correndo todos os riscos possíveis? É um intervalo de tempo tão curto entre o “Fui e fiz” e o “E se…”. A narrativa é feita em primeira pessoa, o livro está repleto de ilustrações e a obra é uma das minhas prediletas lidas em 2016.
“É por isso que as pessoas tocam as outras. Em certas ocasiões as palavras simplesmente não são suficientes.”
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