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Por Lugares Incríveis, de Jennifer Niven, é obra forte e poética sobre depressão e suicídio

Publicado em 16 abr, 2015

Por Lugares Incríveis – Jennifer Niven
Editora: Seguinte
ISBN: 8565765571
Ano: 2015
Páginas: 336
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família. Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante.

Tem livro que parece conversar com o leitor de algum modo. A obra de Jennifer Niven está repleta de quotes altamente identificáveis independentemente da temática delicada que é abordada. O livro é sobre depressão e suicídio adolescentes e, mesmo nunca tendo imaginado tirar a minha própria vida, é inevitável se enxergar em algumas situações, mesmo que as julguemos absurdas.

Trata-se da segunda vez que me debruço em uma história que já havia lido. A primeira foi com Mentirosos, da E.Lockart. A editora Seguinte parece ter assumido uma missão: publicar histórias sensacionais que pedem para serem relidas.

Dois jovens distintos em vários aspectos tentando encontrar juntos um sentido para a vida. A premissa é basicamente essa: o que fazer quando até as coisas boas da vida parecem ser insuficientes? A trama é sobre ter e não ter opções.

Popular, bonita e namorada de um dos jogadores do time de beisebol, Violet Markey parece não se importar com mais nada disso. Depois que perdeu a irmã em um acidente de carro no último verão ela nunca mais foi a mesma. O website super acessado, voltado para o público feminino, que mantinham juntas agora está largado. Violet abandonou muito mais que sua paixão pela escrita, ela abandonou a si mesma. Tentando sobreviver com uma culpa aparentemente infundada, a garota se arrasta pelos dias a espera de algo que a motive. Ou que a mate de uma vez por todas.

Theodore Finch é uma lenda na escola em que estuda. Sempre metido em brigas, já tocou em incontáveis bandas e protestou levantando as mais variadas bandeiras. Ele é esquisito, misterioso e parece estar eletrizado o tempo todo. Nos últimos meses desapareceu sem dar explicações, retornando no início do ano letivo como se nada tivesse acontecido. Finch sofre de depressão e simplesmente apagou por meses em uma séria crise. Ninguém sabe disso e ele não faz questão de espalhar. Viver para ele é um exercício diário de autoconhecimento. Quando tudo parece pesado demais, sons e imagens aceleram como se estivessem fugindo de foco. Os pensamentos se tornam incontroláveis, assim como seu cérebro. Impossível de acompanhar.

Durante toda a narrativa vamos vê-lo analisar formas de se matar. É assustador a leveza com que ele as julga viáveis ou não. A verdade é que Finch é complexo ao extremo. Ele sente demais, se envolve demais, reflete demais. Tudo isso poderia ser saudável, mas não é. É até difícil de acompanhar toda essa confusão mental no decorrer das páginas.

De início, o que cada um deles tem em comum é essa vontade de tirar a própria vida para cessar com os problemas aparentemente não solucionáveis. O livro começa com os dois se conhecendo em um parapeito da escola em que estudam. Sim. Eles estavam ali para se matar, mas logo chamam a atenção de outros estudantes e acabam desistindo. Para completar, um boato de que Violet teria impedido Finch de pular se espalha. Aqui se estabelece o primeiro vínculo de nossos protagonistas. Com o propósito de instigar nos alunos a vontade em conhecer lugares desconhecidos ou pouco explorados de Indiana, local onde a história é ambientada, o professor Black passa um trabalho para que, em duplas, os estudantes saiam por aí descobrindo os locais mais remotos e fantásticos de onde vivem. É o último ano deles na escola, muitos irão se mudar. A oportunidade é perfeita, e Violet e Finch estão juntos nessa até o final do semestre.

“Cada dia um escolhe um lugar, mas também devemos estar dispostos a ir aonde a estrada nos levar, o que inclui lugares grandiosos, pequenos, bizarros, poéticos, bonitos, feios, surpreendentes. Como a vida. Porém, absolutamente, incondicionalmente e decididamente nenhum lugar comum.”

A narrativa, feita pelos pontos de vistas de Finch e Violet em capítulos intercalados, proporciona ao leitor a capacidade de saber “exatamente” o que cada um está pensando.  Mais do que uma busca por soluções, eles compartilham as dores que sentem. Não estou dizendo que se dão bem desde o início, pelo contrário. É tudo muito lento, lindo e a construção pessoal de cada um se dá da forma mais emocionante possível. Eles se completam e mesmo assim ainda sentem a falta de algo. Falam a mesma língua. O tempo é outro problema. Às vezes a gente percebe tarde demais.

“Acabou o inverno, Finch. Você me trouxe a primavera.”

O cenário em que a problemática se desenrola também chama atenção. Como amigos e familiares podem ser tão distantes e ausentes a ponto de não perceber os sinais que Finch e Violet dão sobre o que estão passando? A maior surpresa de todas acontece quando os momentos finais se aproximam. É inacreditável. A esperança nem sempre é o suficiente. Me senti traído. E como se não bastasse uma reviravolta tão chocante, a autora se estende e me faz chorar ainda mais. Sim. Por Lugares Incríveis é desses livros que a gente chora sem se dar conta.

“E se a vida pudesse ser assim? Só as partes felizes, nada das horríveis, nem mesmo as minimamente desagradáveis E se a gente pudesse simplesmente cortar o ruim e ficar só com o bom? É isso que quero fazer com Violet – dar a ela só o bom, manter o ruim longe, para que o bom seja sempre tudo que temos à nossa volta.”

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