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[Resenha] Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial – Philip K. Dick

Publicado em 14 ago, 2014

Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial – Philip K. Dick
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571308
Ano: 2013
Páginas: 256
Classificação: 
Página do livro no Skoob / Compre!

No romance Fluam, minhas lágrimas, disse o policial, Philip K. Dick explora os limites entre percepção e realidade, criando uma impressionante distopia na qual Jason Taverner, um dos apresentadores mais populares da TV, um dia acorda sozinho num quarto de hotel e percebe que tudo mudou; que se tornara um ilustre desconhecido. E pior. Descobre que não há qualquer registro legal de sua existência. Dividido agora entre duas realidades, ele vê-se obrigado a recorrer ao submundo da ilegalidade enquanto tenta reaver seu passado e entender o que de fato aconteceu, dando início a uma estranha busca pela própria identidade. Ao unir à trama desconcertante uma sensível incursão no comportamento e nas emoções humanas, Philip K. Dick prende o leitor e faz desse livro um de seus trabalhos mais comoventes.

Resenha:
As observações geniais contidas em diálogos que encontrei logo nas primeiras páginas já me serviram de alerta para o que eu poderia esperar pela frente da premiada obra de Philip K. Dick. Fluam, minhas lágrimas, disse o policial é uma ficção científica distópica de décadas atrás que não está ultrapassada de maneira alguma. Sabe aquelas críticas que não perdem a validade?

O dia é 12 de Outubro de 1988 e Jason Taverner não existe mais. Ontem ele era um renomado apresentador de Tv com uma audiência de 30 milhões de telespectadores por programa. Hoje ele não está registrado em nenhum banco de dados do mundo todo, ele não conta sequer com um registro de nascimento. Cada pessoa e contato que ele manteve e conquistou por 42 anos o desconhece. Advogado, empresário, produtor, amante e esposa. Taverner passou de um homem dono de uma legião de fãs para um verdadeiro zé-ninguém. Uma despessoa. Ele costumava pensar que sua existência pública o legitimava como uma pessoa real, como se as pessoas comuns ou não famosas fossem imbecis. Inferiores. Jason terá que encarar o que essas pessoas comuns enfrentam diariamente em um mundo futurístico onde os carros voam e a moeda vigente são quinques de ouro. Irônico, não?

Além dessa premissa fantástica a ambientação distópica deixa a situação de Taverner muito mais complicada. Nesse cenário andar sem documentação é sinônimo de ser enviado para campos de concentração. É um crime pago com trabalhos forçados. A cada esquina uma blitz policial marca território revistando todo e qualquer cidadão. Após uma guerra contra estudantes, os policiais são a força máxima no atual regime vigente. Sempre abusivos, autoritários e opressores. Se os estudantes ainda resistem? Sim, no subterrâneo. Situaram-se? Além de tudo isso Jason Taverner é um Seis, um fruto de um projeto de modificação genética com o intuito de criar pessoas perfeitas. Jason, a celebridade que ninguém ouviu falar, vai em busca de algum falsificador para resgatar sua documentação e conseguir se movimentar em relativa segurança pela cidade, é aqui que ele passa a existir apenas em seus falsos documentos e conhecer personagens que fazem desse livro algo único. E nada seguro.

Cada personagem que surge trás consigo uma problemática ou crítica a ser trabalhada pelo autor. São diálogos ricos em questionamentos e posicionamentos instigantes. Kathy é uma informante da polícia que falsifica documentos e entrega pessoas em troca de um futuro reencontro com seu amado Jack. Uma prostituta da mente, fria, calculista e romântica. Uma falsa esperança põe em questão sua índole, sua sanidade e tudo que você duvidar. Se Jason irá se envolver com ela? Claro. Outra personagem é Ruth Rae, uma mulher que envelheceu tão bem quanto poderia e que marcou a vida de Jason pelo seu apetite sexual. Ela me ganhou quando observou que estamos sempre envolvidos com estranhos, deixando de lado quem realmente nos ama e nos protege. Apenas parem e reflitam sobre isso. 

Escrevendo essa resenha percebi que a maioria dos personagens que Taverner se envolve, tirando a polícia, são mulheres. Mulheres manipuladoras, perigosas e donas de personalidades únicas. Heather, seu relacionamento mais sério, é outra Seis famosa que odeia seus fãs pela dura realidade de não gostar de si mesma. Já Mary Anne se assusta com tanta facilidade que a vida se torna um fardo pesado demais para carregar. Mas de longe a grande surpresa da trama é a única mulher que reconhece Jason Taverner, e bem, isso eu evitarei comentar. É um desfecho brilhante e totalmente surpreendente.  Ao se ver envolvido com os policiais Jason torna-se um alvo. Afinal, a policia nunca esquece quem de alguma forma se destaca, certo?

O autor faz um paralelo entre o que é ou não real. Somos capazes de perceber a realidade ao nosso redor? Incesto, modificações corporais, câmeras de vigilância, fotos em 3D, microtransmissores embutidos, homossexualidade e uma infinitude de drogas também marcam presença no enrendo. Os devaneios existências de Jason afetarão qualquer leitor que ao final da leitura se verá pensando em cada palavra que PKD filosofou. A narrativa é feita em terceira pessoa e o ritmo de leitura é extremamente ágil, é impossível largar a estória até terminá-la. A diagramação está impecável e sou completamente apaixonado pela edição nova da Editora Aleph. Essa capa me deixa tonto porém é de amor.

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1 Comentário

  • […] Quando li, há quatro anos atrás, a obra Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial, eu sabia que havia ganho um autor predileto. Hoje, pós-leitura do livro que originou Blade […]