A Vida na porta da geladeira – Alice Kuipers
Editora: WMF Martins Fontes
ISBN: 9788578271541
Ano: 2009
Páginas: 226
Classificação:
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Claire, de 15 anos, e sua mãe têm uma rotina muito atribulada. Nos raros momentos em que a mãe está em casa (ela é obstetra), a filha está na escola, com amigos ou com o namorado. Resultado: as duas quase não se veem e se comunicam deixando recados na porta da geladeira. Esses recados vão desde cobranças banais até revelações tocantes e contundentes por parte de mãe e filha durante o penoso tratamento do câncer de mama da mãe, num ano que se revelará decisivo para as duas.
Resenha:
A pequena grande estória que encontraremos no livro de Alice Kuipers provavelmente fará qualquer leitor refletir.
O livro é composto por mensagens deixadas na porta da geladeira de uma família nada unida ou calorosa. Claire e sua mãe cultivam rotinas e horários totalmente opostos e raramente se encontram pessoalmente. Sim! Elas vivem na mesma casa, sobre o mesmo teto e se comunicam apenas por recados breves e muitos deles isentos de emoção ou sentimento. Os conteúdos trocados são na maioria das vezes cobranças de uma mesada atrasada ou um lembrete dos mantimentos a serem comprados para a semana. Apesar de declararem sempre a necessidade de um tempo entre mãe e filha, as duas pouco podem fazer ou se dedicam a tomar atitudes que mudem isso.
Claire é uma adolescente como qualquer outra, não a achei rebelde ou irresponsável. Quem nunca quis passar um tempo apenas com os amigos ou namorado e esquecer um pouco da família e suas cobranças?Abrir as asas e curtir uma semi-liberdade oriunda do crescimento e amadurecimento natural? Na maioria das vezes estamos ausentes sem ter consciência disso, já perceberam algo parecido? Não temos controle de tudo, e nesse caso o mínimo não estava sendo feito. Acredito que a atmosfera familiar de Claire simplesmente tenha maximizado essa sensação, afinal, seus pais são separados e sua mãe é uma obstetra sempre de plantão e dedicada à profissão. Claire estava sempre a mercer de suas vontades.
O cenário começa a se transformar lentamente quando a mãe de Claire se descobre com câncer. Acreditem, a rotina pouco parece mudar, e isso sim é revoltante, é como se elas fossem incapazes de se dedicar a alguém que amam. Como se não houvesse tempo, sabe? Apesar dos bilhetes quebrarem um pouco o sentimentalismo presente na trama, o desfecho é tocante e a mensagem é dada com maestria. Será que realmente damos a atenção e valor real às pessoas que amamos? E o mais importante de tudo é percebermos isso antes que seja tarde. Antes que não haja se quer a possibilidade de reverter a situação. De que adianta o arrependimento ou a culpa, afinal?
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