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[Resenha] Quando tudo volta – John Corey

Publicado em 08 abr, 2014

Quando tudo volta – John Corey
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581633848
Ano: 2014
Páginas: 224
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Uma morte por overdose. Um fanático estudioso da Bíblia. Um pássaro lendário. Pesadelos com zumbis. Coisas tão diferentes podem habitar a vida de uma única pessoa? Cullen Witter leva uma vida sem graça. Trabalha em uma lanchonete, tenta compreender as garotas e não é lá muito sociável. Seu irmão, Gabriel, de 15 anos, costuma ser o centro das atenções por onde passa. Mas Cullen não tem ciúmes dele. Na verdade, ele é o seu maior admirador. O desaparecimento (ou fuga?) de Gabriel fica em segundo plano diante da nova mania da cidade: o pica-pau Lázaro, que todos pensavam estar extinto e que resolveu, aparentemente, ressuscitar por aquelas bandas. Em meio a uma cidade eufórica por causa de um pássaro que talvez nem exista de verdade, Cullen sofre com a falta do irmão e deseja, mais que tudo, que os seus sonhos se tornem realidade. E bem rápido.

Resenha:
A escrita de John Corey é diferente de tudo que já li e ao mesmo tempo de tão familiar me ganhou em seus primeiros capítulos. Faz sentido? Vou explicar. Os personagens que dão vida a trama são tão bem construídos, dotados de sentimentos e opiniões, que me enxerguei em diversas colocações. As dores, as dúvidas, as reflexões e questões levantadas tornaram-se posicionamentos meus, uma parte de mim nos momentos em que chorei. Sim, em algum ponto do enrendo aconteceram “lágrimas”, o livro tornou-se de alguma forma algo pessoal. Uma estória que lerei novamente algum dia.

Uma onda de mistério está, literalmente, no ar da pacata Lily onde nosso protagonista Cullen Witter habita. Há duas semanas John Barling viajara de Oregan para o Arkansas, abandonando a própria família afim de encontrar um pássaro que não era visto há sessenta anos. Uma espécie rara de pica-pau gigante nomeada Lázaro. Desde a primeira manchete de jornal regada de elogios à Lily, Cullen percebera que o homem não estava interessado em pássaro algum e menos ainda na cidade. Sem julgamentos, afinal o próprio Cullen odiava todos que residiam ali, no fundo esse ódio era fruto do medo de tornar-se alguém semelhante a eles. Um medo de não haver futuro longe dali. Um medo de possibilidades limitadas. De alguma forma Gabriel Witter acreditava que a cidade precisasse desse pássaro, como algo que simbolizava a esperança, segundas chances. Bem… Cullen acreditava no irmão. Esse era o tipo de sentimento que ele era capaz de despertar em alguém: segurança. Gabriel não se preocupava com opiniões alheias, ele tinha brilho próprio, tinha luz. Infelizmente uma série de eventos trágicos rodeia a família de Cullen, seu problemático primo Oslo morrera de overdose e enquanto sua família ainda se recuperava do luto, seu admirado irmão mais novo Gabriel desaparecera em plenas férias de verão sem deixar pistas. É nesse plano de fundo envolvendo um pássaro lendário extinto que movimenta a cidade inteira, e buscas sem sucesso por Gabriel que semanas se passam e a trama se desenrola.

Cullen é cínico, retraído e apaixonado pela garota mais bonita do colégio que obviamente namora um grandalhão idiota. Seu melhor amigo, Lucas Cader, não é tão feliz como parece mesmo tendo aquele sorriso digno de comercial que conforta qualquer um. Eles se amam e convenientemente não de forma sexual, eles pensam demais e acabam estragando as coisas antes de algo realmente acontecer. Gabriel fez deles pessoas melhores e seu desaparecimento está sendo difícil de sustentar. A vida segue e as pessoas estão começando a falar de Gabriel no passado, como se ele estive morto. Cem conversas iguais todos os dias e aquela nata necessidade do ser humano de sentir-se útil tornarão os dias mais longos. Com o tempo, Cullen verá mudanças em si próprio e nas pessoas ao redor, a hiperatividade e o sotaque antes insuportáveis tornam-se agradáveis diante todo o caos que a esperança permite. Toda a dor que a esperança causa quando é substituída por algo mais definitivo.

Duas coisas indispensáveis para amar esse livro:
1- Cullen tem uma mania de colecionar possíveis títulos de livros, ao início da trama ele já tem uma pequena lista com pouco mais de 70. Sem nunca chegar a escrever algum.
2- Quando a realidade parece demais para Cullen ele imagina zumbis sendo mortos, zumbi caçando seres humanos. As vezes ele perde a noção da realidade e os zumbis invadem seus sonhos também.

Paralelamente temos uma estória que foge à Lily em Arkansas. Vamos conhecer o jovem religioso Benton Sage que viajará em missão de sua igreja para Etiópia com o intuito de levar muito além de água e alimento, ele deseja entregar Cristo para cada uma daquelas famílias. Após meses na realização da tarefa sem conseguir comunicar-se com nenhuma daquelas pessoas, ele chega a conclusão de não estra no lugar certo. Benton acredita que seus talentos podem ser mais aproveitados em outra realidade e acaba tornando-se uma decepção para sua própria família. Sua casa já não é mais seu lar. Nutri um pequeno rancor por Benton Sage, podem me julgar, acredito que isso varie bastante. Obviamente é maravilhoso você sentir que seus pais sentem orgulho de você, isso dá um sentido maior a qualquer coisa que você faz, afinal, é sua família, faz parte da sua vida mas, admitam, não é apenas isso. O Benton abriu mão de sua felicidade durante toda a vida para agradar o pai e na única vez que fez algo por si mesmo foi deserdado. Se tem algo que preso na vida é pela minha liberdade, pelo direito de me impor e ser eu mesmo. Vocês não tem ideia de como fiquei triste lendo tudo que acontece ao Benton.

É estranho ler duas estórias completamente diferentes intercaladas entre capítulos mas ao desfecho do livro tudo fará sentido e de uma forma inusitada, chocante. A resenha ficou gigante, aposto que vocês estão com a impressão que contei demais porém garanto que não mencionei metade de tudo que me encantou. E não é exagero. Ou é exagero de alguém que amou o livro mesmo.

“Não precisamos nos sentir tão ansiosos com tudo. Podemos simplesmente viver. Podemos nos levantar, prever que o dia terá alguns momentos bons e alguns ruins, e então aceitar esse fato. Aceitar tudo e lidar com as coisas da melhor maneira.” Trecho do livro

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