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[Resenha] Dias Perfeitos – Raphael Montes

Publicado em 07 abr, 2014

Dias Perfeitos – Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535924015
Ano: 2014
Páginas: 280
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável.

Resenha: 
Dias perfeitos tem uma estória tão perturbadora que foi impossível não devorá-lo de uma vez.

Teodoro sempre sentiu-se deslocado, e fugindo um pouco do estereótipos de personagens solitários, ele cultiva uma amizade com Gertrudes. Um cadáver de sua aula de anatomia pelo qual nutre um sentimento que difere do que sente pela maioria das pessoas. Téo simplesmente não gosta de ninguém e isso sempre foi um dilema próprio. Como um defeito de fábrica responsável por torná-lo um monstro. Um monstro que questiona qualquer hábito normal e encontrar meios alternativos para situar-se no mundo. Uma das fontes do mau humor característico de Téo é o peso que sua mãe acaba representando em sua vida. No acidente em que perdeu o marido, Patrícia acabou em uma cadeira de rodas. E mesmo esforçando-se para seguir a vida da forma mais independente que consegue, Téo a enxerga com enfado. Como se o mundo o sufocasse e sua mãe suprisse suas deficiências o exibindo, e exibindo uma felicidade que não “existia”.

Os primeiros capítulos revelam quem nosso protagonista é mas não dão pistas do que ele irá tornar-se. Particularmente não imaginei que o Téo iria tão longe. Intimado a comparecer a um churrasco com sua mãe Patrícia, Téo acaba conhecendo a jovem Clarice. Seu completo oposto. Clarice exala rebeldia, sensualidade, atitude e sorrisos. Ela é moderna e adotou o lema “experimentar a vida antes que seja tarde” enquanto escreve seu roteiro intitulado “Dias Perfeitos”. Téo simplesmente fica obcecado pela garota e fazendo uso dos recursos disponíveis ele descobre tudo que precisa para aproximar-se de Clarice. Para dominá-la e fazê-la refém. Refém de um sentimento que apenas Gertrudes o fez sentir um dia.

Quando digo “refém” é no sentido mais fiel à palavra. Leia-se “algemas e cárcere privado”. Ele está disposto a tudo para que Clarice o ame. Para que os sentimentos sejam recíprocos. O mais assustador é que cada atitude tomada por Téo ganha uma justificada fundamentada em algo totalmente absurdo. Dias perfeitos foi um thriller psicológico que me deixou sem ar em incontáveis capítulos. A ternura, as conversas, a rotina que se estabelece entre eles é nojenta. Doentia. Abusiva. Quando Téo percebe que o total controle nunca será possível, ele resolve surpreendê-la. A realidade do roteiro Dias Perfeitos de Clarice se tornará a realidade deles. Para Téo relacionamento é privação e já não é possível pensar em viver ou morrer sem ela. Seu grande amor. Qualquer um que ameace essa aparente paz será encarado como um obstáculo a ser vencido.

“Ele estava aprisionado, próximo a felicidade, mas grades firmes o impediam de alcançá-la. Tinha Clarice na cama do motel, mas não a tinha por inteiro. Havia recantos dela que ele jamais conseguiria acessar. No fim das contas, era ele quem estava algemado.” Trecho da página 140

O modo como tudo se desenrola é um choque a cada capítulo. Vamos perceber que Téo não tem limites e que o mundo é um lugar cruel. Não há escapatória. Por mais estranho que possa ser essa afirmação, Téo e Clarice tem uma química, é a pura verdade. As reviravoltas da trama sustentam isso. O desfecho é fantástico, foge do comum (não foi o que esperava), e fincou Raphael Montes em um lugar especial na minha estante. Livro preferido e super recomendado. Fico agora na expectativa para ver Dias perfeitos nas telonas.

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2 Comentários

  • […] OMD já resenhou todos os livros do autor: Suicidas, Dias Perfeitos, O Vilarejo e Jantar […]

  • […] do Raphael Montes não são novidades por aqui e basta você dar uma olhada nas resenhas de Dias Perfeitos, Jantar Secreto e O Vilarejo para sentir o que te espera durante a leitura de Suicidas. E por mais […]