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Livraria Martins Fontes

[Resenha] A Lista do nunca – Koethi Zan

Publicado em 19 dez, 2013

A Lista do nunca – Koethi Zan
Editora: Paralela
ISBN: 9788565530408
Ano: 2013
Páginas: 272
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Depois de um acidente de carro que sofreram quando ainda tinham dez anos, Sarah e Jennifer, amigas inseparáveis, passaram anos escrevendo o que chamaram de Lista do Nunca: uma lista de ações e atitudes que deveriam ser evitadas, a qualquer custo, para que se mantivessem sãs e salvas. Numa noite, no entanto, ao entrarem em um táxi, o destino das duas garotas as levou a um lugar que certamente não considerariam nem um pouco seguro. Sequestradas por um homem frio e adepto do sadismo, elas ficam acorrentadas em um porão com mais duas garotas por três anos. Dez anos depois de conseguir fugir, Sarah ainda tenta levar uma vida normal. Seu contato com pessoas se limita ao porteiro que diariamente entrega o que ela precisa para sobreviver e à sua psicóloga, que tenta ajudá-la a enfrentar cada novo dia. Seu sequestrador, porém, está prestes a conseguir uma condicional e, mais do que preparar um belo discurso de vítima, Sarah sente que este é o momento de agir. Para isso, vai enfrentar seus terríveis traumas em busca de uma história que nunca fora revelada.

Resenha:
Após sofrerem um acidente, ainda quando não passavam de crianças, as amigas Jennifer e Sarah passaram a escrever diários com listas repletas de atitudes a serem evitadas e feitas para sentirem-se seguras de todo e qualquer perigo. Uma questão de cautela, algo que dava à elas uma sensação de controle sobre o mundo injusto e violento. Esse hábito, que as acompanhou até a Universidade, infelizmente não foi suficiente para impedir que as garotas fossem sequestradas e passassem pela pior experiência de suas vidas.

Durante mais de três anos, Sarah, Jennifer e mais outras duas garotas, Tracy e Christine, dividiram um porão, sem nunca ver a luz do sol, onde só tinham uma à outra como companhia. Suas conversas representavam a única ligação com o mundo real, a única forma de não enlouquecerem enquanto eram castigadas e humilhadas sem motivo algum Suas psiques foram atingidas, reduzidas a flagelos, as garotas foram submetidas as mais diversas formas de tortura, sem a certeza que sairiam dali algum dia vivas. Suportar a dor era o mínimo que podiam fazer, o medo transpirava pelas correntes que as prendiam nas paredes. Jack Derber, o sequestrador, era professor universitário e encarava tudo aquilo como algo fascinante. Desagradável porém necessário, pelo bem da ciência, de seus estudos. Suas gargalhadas ao ver o terror nos olhos das garotas o enchia de orgulho, de prazer.

Dez anos se passaram desde que Sarah conseguiu fugir do cativeiro e libertar as garotas. Tarde demais para Jennifer que foi morta muito antes disso. Sarah, agora chama-se Caroline Morrow e nunca pareceu justo que alguém houvesse roubado sua identidade de forma tão profunda. Os terríveis traumas causados pelos anos que passou em cativeiro refletem em seu comportamento isolado e em sua dificuldade de relacionar-se, respirar e manter uma vida normal.

Anos de terapia não foram suficientes para acalma-la, e há quatro meses de uma audiência em que Jack Derber, o sequestrador, pode conseguir  liberdade condicional, Sarah decide agir por conta própria, seu depoimento não será o suficiente. Ela não está disposta a em uma bela manhã acordar com seu sequestrador batendo em sua porta. Livre. Ela precisa encontrar o corpo de sua amiga Jennifer e jogar o monstro que a  reduziu  a pó atrás das grades para sempre. Ela necessita não estar mais fisicamente suscetível ao que ele a fez. Ela quer uma vida normal de verdade.

Entre tantos pontos que me chocaram durante a leitura, o fato de todas as garotas que sobreviveram ao cativeiro receberem cartas do sequestrador que está na cadeia, foi o que mais me deixou confuso. Como isso é permitido? Bem, isso sem dúvida dificulta o processo de superação, em minha opinião. Sarah, Tracy e Christine, cada uma com sua forma de lidar com o passado, precisarão se unir para descobrir qual a relação das cartas com o seu passado, elas levam a algum lugar? Eram intencionais ou não? Sarah não poupará esforços para descobrir a verdade, não que vá ser algo fácil.

Ela enfrentará seus próprios demônios e abrirá os olhos para tudo que sua mente fez o favor de cegá-la. No decorrer da trama novos personagens são introduzidos e reviravoltas tornarão a trama surpreendente, chocante. O passado do professor esconde segredos mais obscuros que as torturas que ocorrem no porão. Sadomasoquismo, disciplina, submissão, política acadêmica, sexo, clubes. O que ocorreu anos atrás ainda não teve seu fim. O que as garotas sabem não é metade de tudo que, de fato, aconteceu. Elas são inteiramente vítimas nessa estória toda?

Dificuldade em respirar. Foi o que senti durante boa parte da leitura desse livro, por tantos motivos que nem sei bem como começar. A narração é feita por Sarah se passando em dois momentos: relembrando os momentos de aflição e terror que viveu no cativeiro, e indo em busca de respostas enquanto retoma o relacionamento com as garotas, com a vida. Não por vontade própria mas por ser a única forma de dar um basta na situação, de seguir em frente de uma vez por todas. Mesmo tratando-se de uma ficção, nada do que li me pareceu impossível. Entendem como é assustador?

Admito que tinha uma expectativa enorme sob essa estória mas elas foram satisfatoriamente superadas. Se o início te prende, o meio do enredo te choca e o desfecho te deixa sem chão. Mesmo sabendo da condição de liberdade das garotas, acompanhar tudo que elas passaram detalhadamente foi aterrorizante, o coração acelerado foi frequente no passar de capítulos. Pior foi vê-las ter que retornar ao passado para enxergar que tudo mesmo sendo tão ruim, poderia ficar pior. Elas não são as únicas vítimas mas podem ser as únicas capazes de dar um fim a tudo isso. Impressionante, realístico e sem dúvidas, uma das melhores leituras do ano.

“Por um momento, senti um grande alívio. Pelo menos estava separada dele por alguns centímetros, com a tampa fechada. As mãos dele não poderiam me tocar. Demorei alguns minutos para me dar conta de que estava trancada em um caixão com o corpo de Jennifer…” Trecho da página 240.

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11 Comentários

  • GonçalvesSue
    07 fevereiro, 2014

    Cara amei a resenha.. não esperava que o livro fosse tudo isso, estou ansiosa pra ler, é tão bem escrito que parece que estamos vivendo a história e estamos presas juntas com elas.

  • Ariana Oliveira Gomes
    06 janeiro, 2014

    Tô querendo muito ler este livro, mas acho que não estou na vibe dele agora. Agora, sem dúvida ainda vou lê-lo este ano. E sua resenha só me deixou ainda com mais vontade.
    Sempre observo as notas que você dá para os livros e esse recebeu nota máxima, hein?

  • Fernando Gonçalves
    29 dezembro, 2013

    Já tinha visto esse livro e lido algumas resenhas à respeito, mas nenhuma me deixou tão curioso quanto a sua, e se as outras já me deixavam com vontade lê-lo, agora estou à um fio de cabelo para comprar haha
    E o que me impressionou, é que, mesmo sendo relativamente pequeno, com 272 páginas, ele consegue ser tão bom. Estou ansioso pra lê-lo e descobrir por mim mesmo o quão assustador esse livro pode ser.

  • Tarsila Martins
    28 dezembro, 2013

    Esse livro parece ser muito bom. Adoro livros que são aterrorizantes, eles me deixam presa na leitura e eu não consigo fazer nada antes de terminar o livro. Fico me imaginando na pele das garotas, ser sequestrada, ser libertada e saber, anos depois, que seu sequestrador está livre, deve ser realmente assustador. Gostei muito da sua resenha, ela me fez querer realmente ler o livro.
    Já o adicionei à minha wishlist.
    Beijos!

    http://temponaoperdido.wordpress.com/

  • Shadai
    21 dezembro, 2013

    Necessito muito ler esse livro!
    Adoro obras chocantes que nem essa parece ser.
    Se eu tivesse que colocá-la em algum grupo de livros acho que estaria ao lado do ótimo No Escuro que li esse ano, mas A Lista do Nunca parece mais perturbador ainda.

    • Felipe Miranda
      Rodolfo
      26 dezembro, 2013

      Eu tenho No Escuro! Não sabia que era tão chocante… Já vou adiantar a leitura, haha 🙂

  • Anônimo
    20 dezembro, 2013

    Olá Felipe!!
    Realmente o livro traz um tema forte e eletrizante. Fiquei curiosa para saber mais sobre esta história toda do sequestro e como que tudo acontece depois. E sua resenha está muito bem escrita este realmente parece aquele livro que prende o leitor da primeira à última página. Quero muito e já adicionei ele na minha lista de desejados!! !

    • Felipe Miranda
      Rodolfo
      26 dezembro, 2013

      Obrigado, Michelli! <3

      Você não vai se arrepender, depois me conta!

  • Larissa
    19 dezembro, 2013

    Parece ser muito bom, é um tema diferente de ser abordado e quando você colocou "nada do que li me pareceu impossível" fiquei curiosa pra ler

  • Maria Clara
    19 dezembro, 2013

    Acho que não tenho estrutura pra ler algo desse tipo. Deve ser muito intenso.