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Livraria Martins Fontes

[Resenha] Corações feridos – Louisa Reid

Publicado em 29 out, 2013

Corações feridos – Louisa Reid
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581630441
Ano: 2013
Páginas: 256
Classificação: 
Página do livro no Skoob

Hephzibah e Rebecca são irmãs gêmeas, mas muito diferentes. Enquanto
Hephzi é linda e voluntariosa, Reb sofre da Síndrome de Treacher Collins
— que deformou enormemente seu rosto — e é mais cuidadosa. Apesar de
suas diferenças, as garotas são como quaisquer irmãs: implicam uma com a
outra, mas se amam e se defendem. E também guardam um segredo terrível
como só irmãos conseguem guardar. Um segredo que esconde o que acontece
quando seu pai, um religioso fanático, tranca a porta de casa. No
entanto, quando a ousada Hephzibah começa a vislumbrar a possibilidade
de escapar da opressão em que vive, os segredos que rondam sua família
cobram-lhe um preço alto: seu trágico fim. E só Rebecca, que esteve o
tempo todo ao lado da irmã, sabe a verdadeira causa de sua morte…
Hephzi sonhara escapar, mas falhara. Será que Rebecca poderia encontrar,
finalmente, a liberdade?

Resenha:
As irmãs Hephzi e Rebecca foram educadas em casa pela mãe, uma sombra submissa ao marido que permite as mais absurdas torturas serem acometidas as filhas. Isoladas de tudo e de todos até entrarem para o segundo grau, onde finalmente tiveram a chance de ter uma vida social. Seus pais achavam que elas não precisavam do mundo exterior ou de qualquer coisa que viesse dele. Eles não gostavam que pessoas visitassem as garotas. Eles não eram superprotetores, eram exatamente o contrário, eram doentes, cruéis e sinceramente, como leitor e ser humano, não reconheci em nenhum dos hábitos dessa família o sentimento que deveria reger um lar: amor. As garotas são privadas de banhos, uma boa alimentação e de carinho também, as roupas que vestem são resto de doações que não serviriam nem para pano de chão. Quando ficam doentes, seja de uma gripe ou após receberem uma surra do pai, por algum motivo ou sem razão aparente, raramente ou nunca são feito o uso de remédios, condenando-as a dolorosas noites em claro até que curemssem-se sozinhas.

A rotina de Hehpzi e Rebecca é baseada em servir, limpar e esfregar a casa paroquial onde seu pai prega fervorosamente a palavra de Deus e é admirado por dezenas de fiéis que nem imaginam as lástimas que acontecem debaixo do teto do pastor assim que a porta é trancada. Roderick, o pai das garotas se sente o próprio Deus, condenando ações e atitudes e elaborando listas de pecados. Se alguma vez Hephzi e Rebecca fossem interrogadas sobre os princípios obscuros de sua fé, que eram repetidos como mantras, e não soubessem as respostas ou ousassem contar a alguém pelo que passavam, ficariam em apuros… Diante de tudo isso elas são levadas a não crer em Deus, afinal ele nunca veio salvá-las. Se Deus é amor ele morreu com a Vovó, que as tratava como crianças de verdade, com sorrisos, jogos e histórias felizes, com conselhos e Harry Potter.

“Agora, com a partida de Hephzi, ele se tornara mais rabugento que nunca. E amargurado. Essa raiva ácida e afiada era dirigida a mim, aquela que sobrevivera. Aquela que deveria ter morrido.” Trecho da página 34

Hpehzi era o cimento dos tijolos que mantinha a família intacta, fazia Roderick rir e se orgulhar de sua beleza, de sua linda voz. Até que ele cessou com as cantorias, justificando que elas levariam ao pecado. Ela sempre conduzia e Rebecca a seguia, calma e sem opiniões sobre o futuro, enquanto Hephzi martelava a vontade de liberdade. Elas eram gêmeas não idênticas, e em todos os sentidos possíveis divergiam. Rebecca sofre da Síndrome de Treacher Collins, seus ossos faciais não se formaram corretamente e ela é um pouco diferente. Vista como uma aberração até pela irmã, ela é excluída e ignorada sempre que possível.

Enquanto lia essa estória, meu coração se manteve em minhas mãos, do início ao fim, não houve um capítulo em que eu não estivesse apreensivo ou pesaroso pelas garotas. Tantas atitudes desumanas e medo em cada vírgula da narrativa me fizeram torcer com todas as forças por um desfecho feliz para ambas. Logo de início sabemos que Hephzi morreu, o que dá uma carga emocional imensa a obra, acompanhar seus capítulos foram bem tristes. Ela se envolve com um garoto, Craig, escondido, obviamente, e encontra nele a chance de ser livre, de deixar tudo para trás, toda a dor, todo o amor aprisionado finalmente solto, disponível. Ela faz amigos e experimenta, mesmo que por pouco tempo, o que é ser uma adolescente, ela corre riscos e abusa da sorte.

O mistério envolvendo sua morte percorre até pouco antes do desfecho, onde segredos a respeito de seus pais e sobre Rebecca são revelados, uma enxurrada de declarações emocionantes que surpreende. A narrativa é intercalada, Rebecca narra o presente, a vida após a morte de sua irmã, o mar perigoso e violento que é sua vida, ameaçando afoga-la a qualquer momento, é aqui que percebemos o quanto ela se vê inferior, e o que mais me espanta é que por ser algo tão enraizado, aparenta ser genuíno, como se ela não se importasse mais. O quão perigoso é não se importar consigo mesma? Nas narrações de Hephzi vamos acompanhar as mudanças que ocorreram na vida das meninas desde o ingresso na escola e tudo que culminou em sua morte. Na segunda parte do livro, Rebecca é responsável não só pela narração mas também pela chance de ser uma pessoa corajosa, de agir, de libertar-se, de ser superior, de ser capaz, de afastar-se das ruínas do passado.

“Um dia ele iria longe demais e eu morreria também. Eu podia sentir isso chegando, um rolo compressor passando rapidamente por cima de mim, e eu sabia que não podia deixar que isso acontecesse, não antes de ter vivido livre pelo menos uma fração de minha vida.” Trecho da página 162

É um enredo maravilhoso com um desfecho digno, a pesar dos pesares. Não me culpem por desejar um final banhado a vinganças diabólicas, infelizmente não chega a tanto mas é satisfatório. Leitura predileta!

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4 Comentários

  • Maria Clara
    26 novembro, 2013

    Tenho bastante vontade de ler esse livro, adorei sua resenha, felipe!

  • Shadai
    26 novembro, 2013

    Esse livro parece excelente!
    E a resenha deu total gostinho de preciso ler.
    Vou ficar com coração apertado também por tantas atrocidades, mas melhor sentir isso do que ler livro que não faça eu sentir nada.

  • Bruno Santos Souza
    19 novembro, 2013

    Vou ler em breve, principalmente depois dessa resenha! ;D

  • Jorge Luís Melo de Oliveira
    31 outubro, 2013

    Já tava cheio de vontade de ler, agora então 😀