Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581632353
Ano: 2013
Páginas: 448
Página do livro no Skoob
Liberta-me é o segundo livro da trilogia de Tahereh Mafi. Se no primeiro, Estilhaça-me, importava garantir a sobrevivência e fugir das atrocidades do Restabelecimento, em Liberta-me é possível sentir toda a sensibilidade e tristeza que emanam do coração da heroína, Juliette. Abandonada à própria sorte, impossibilitada de tocar qualquer ser humano, Juliette vai procurar entender os movimentos de seu coração, a maneira como seus sentimentos se confundem e até onde ela pode realmente ir para ter o controle de sua própria vida. Uma metáfora para a vida de jovens de todas as idades que também enfrentam uma espécie de distopia moderna, em que dúvidas e medos caminham lado a lado com a esperança, o desejo e o amor. A bela escrita de Tahereh Mafi está de volta ainda mais vigorosa e extasiante.
Me encontro em êxtase com esse livro, minhas expectativas foram correspondidas, ultrapassadas, pisoteadas da melhor maneira possível. A escrita de Mafi está voraz, suas metáforas estão afiadíssimas e os capítulos pedem para serem lidos com urgência.(…) homens e mulheres e crianças, protestantes inocentes atropelados nas ruas; vejo armas e bombas, fogo e devastação, tanto sofrimento, sofrimento, sofrimento e quero gritar, quero gritar nos braços da atmosfera e eu preparo. Flexiono o punho. Puxo meu braço para trás e
eu
estilhaço
o que resta desta terra.” Trecho da página 244
Em Estilhaça-me Juliette, Adam e James encontraram o Ponto Ômega, um centro de resistência onde abrigam-se pessoas que são contra o Restabelecimento e também tem poderes especiais. Eu não esperava que esse rumo fosse tomado, que mais personagens com super poderes fossem surgir, foi uma surpresa boa, gostei do que a Mafi propôs. Confesso que fiquei receoso na forma dela em guiar esse assunto, poderia ter ficado fantasioso demais porém ela escreveu algo não muito surreal e convincente dentro do contexto, com o passar das páginas e as descobertas vindo, é impossível não se entreter, o foco foi mantido. Sara e Sonya, as gêmeas curandeiras, Brendam o garoto eletricidade, Kenki e sua invisibilidade, nenhum deles foi capaz de se sobressair nossa frágil intocada, admito que Kenji é um dos personagens mais importantes e que se destacam na leitura. A guerra é eminente e Juliette precisa controlar seus poderes, seu toque letal parece não ser a única coisa fora do normal, sua força, já conhecida do primeiro livro, parece ser um ponto a favor. Infelizmente, Juliette não amadureceu muito e continua remoendo seu lema de vida “sou um monstro, nunca tive amigos, já matei inocentes e não sou merecedora de nada”. Isso se torna chato em alguns momentos, ela não sabe bem como manter-se equilibrada mas é impossível não entende-la e vibrar com cada avanço notável. Kenji será um amigo importante nessas horas, Juliette ouvirá algumas verdades dolorosas de sua boca.
Como todos sabem, além de Adam, Warner também é capaz de tocar Juliette sem ter suas forças sugadas até a morte. Vamos entender os motivos e ficar chocados com o que autora fez. Como se os três já não estivessem bastante ligados através desse fato, Mafi nos revelou algo que coloca Adam e Warner em ligação direta. O passado é mesmo assustador. Quem imaginaria algo assim? Lembram que Juliette não contou a ninguém que Warner também pode a tocar? Um dos momentos mais tensos é essa revelação, que até demora bastante pra acontecer. Adam perdeu todo o seu brilho, ele está sendo afetado por algo que não ousarei dizer e muda completamente a cabeça de sua amada. Warner será a grande maravilha de Liberta-me. Apesar de todas as atrocidades, e de ter plena consciência de quão malvado ele foi, é e pode ser, minha torcida vai pra ele. A autora contornou-o com uma áurea de garoto frágil de 19 anos manipulado psicologicamente pelo pai e conseguiu. Ganhamos um novo vilão, bem mais convincente, Anderson, um dos seis comandantes supremos do mundo e fundador do Restabelecimento, pai não só de Warner… A ameaça mais evidente.
Aos poucos Juliette conquistará seu espaço no Ponto Ômega e se tornará um membro indispensável nas missões da resistência, ela enxergará o quão poderosa é um pouco tarde demais. A revolução está acontecendo, a população está acordando com os boatos que exista alguém para lutar por eles, o Restabelecimento está a procura do Ponto Ômega. Um banho de sangue está próximo, muito próximo. Além de todo esse conflito, a maior batalha é interna e não me refiro ao fato de todos estarem metros abaixo da terra, me refiro ao coração de Juliette. Warner é cem pessoas diferentes e ela nunca saberá quem ele será dessa vez, que lado ele mostrará, mas é inevitável, ela está apaixonada por ele. Por esse monstro que permite-a ser ela mesma, que permite-a contar confidências sem julga-la, que transmite alívio. O desfecho é semelhante ao primeiro livro e me deixou ávido por respostas.
“Estou pronta para fazer algo de que, com certeza, vou me arrepender e, desta vez, não me importo. Chega de ser boazinha. Chega de ficar nervosa. Não tenho medo de mais nada. O caos completo está no meu futuro. E vou deixar minhas luvas para trás.” Trecho do livro
Mal posso esperar para ler o próximo e último livro da trilogia.
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